A Polícia Federal deflagrou a Operação Macan, que investiga organização criminosa dedicada à importação ilegal de agrotóxicos provenientes do Uruguai para a Região Central do RS, na manhã desta sexta-feira (13). Na ação, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão domiciliar, 10 mandados de busca pessoal e 11 mandados de busca e apreensão de veículos em Santa Maria, São Sepé, Restinga Seca, Aceguá e Porto Belo/SC.
Conforme o delegado da Polícia Federal de Bagé, Carlos Ribeiro Feijó, o líder da organização é de São Sepé, mas reside em Santa Maria. Ele utilizava uma revenda de veículos e uma construtora para a lavagem de dinheiro oriundo da venda do agrotóxico.
“Toda estrutura está situada em São Sepé, as empresas estão localizadas em São Sepé, por isto essa cidade teve o maior número de alvos da operação”, afirmou o delegado.
Em Restinga Seca, um homem que vendia agrotóxicos para os produtores rurais foi alvo de mandado de busca e apreensão.
“Dezena de produtores adquiriram esses agrotóxicos contrabandeados”, ressalta Feijó.
Já em Porto Belo (SC), um imóvel que pertence aos investigados foi sequestrado pela PF.
Na operação, também foi determinado o sequestro de 11 imóveis e de 20 veículos, o bloqueio de valores nas contas dos investigados de aproximadamente R$ 9 milhões, bem como decretadas duas prisões preventivas dos líderes do grupo.
Investigação iniciou em 2021 em Bagé
A investigação iniciou a partir da prisão em flagrante de um indivíduo, ocorrida em 2021, na cidade de Bagé/RS, surpreendido enquanto transportava grande quantidade de agrotóxicos estrangeiros oriundos do Uruguai.
Ao longo das apurações, foi identificada a existência de uma organização criminosa transnacional composta por diversas pessoas, que atuava na internalização clandestina no território nacional de agrotóxicos estrangeiros. Estima-se que, pelo desde 2016, cerca de 250 toneladas de agrotóxicos foram introduzidas ilegalmente no Brasil, proporcionando lucros milionários a partir da venda e da distribuição destes defensivos estrangeiros na região central do estado para dezenas de produtores rurais.
Lavagem de dinheiro
O lucro obtido era aplicado em uma loja de veículos de elevado valor e em uma construtora de imóveis, que serviam como mecanismos para a lavagem do dinheiro obtido com o contrabando de agrotóxicos, visando dissimular a procedência criminosa. Ainda, foi identificada a existência de uma rede de interpostas pessoas (“laranjas”), as quais movimentavam vultosos recursos ilícitos e ocultavam bens pertencentes ao grupo criminoso.
Os investigados responderão pelos crimes de importação e comercialização de agrotóxicos não registrados ou não autorizados, de lavagem de dinheiro e de organização criminosa, cujas penas somadas poderão chegar a 27 anos de reclusão.
A operação teve a participação de 45 policiais federais e 12 policiais civis da Delegacia de Polícia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas – DRACO/Bagé.
Imagens: PF/Divulgação