A Polícia Federal deflagrou a operação “Desvio Verde”, na manhã desta sexta-feira (14), em Caçapava do Sul e Santa Maria. A ação investiga irregularidades no cultivo de cannabis e na produção de medicamentos derivados sem autorização sanitária e teve como objetivo aprofundar as investigações sobre a possível fabricação e comercialização indevida desses produtos na região, em desacordo com normas regulatórias e decisões judiciais.
Nesta manhã foram cumpridos três mandados de busca e apreensão, sendo um em Caçapava do Sul e dois em Santa Maria. Durante as diligências, foram apreendidos novos meios de obtenção de prova para aprofundamento das investigações e esclarecimento dos fatos. Além disso, foram queimados 422 pés e 480 mudas de cannabis, bem como insumos utilizados em sua produção, os quais não possuíam qualquer autorização para cultivo, tudo conforme determinação expedida pela Justiça Estadual. Os óleos e insumos destinados ao tratamento médico do investigado, que estavam em conformidade com a autorização judicial, não foram apreendidos.

Operação foi deflagrada na manhã desta sexta-feira (14). Fotos: PF/Divulgação
Plantação de cannabis
As investigações tiveram início em 2024, após a identificação de uma plantação de cannabis em propriedade rural localizada em Caçapava do Sul. Diligências policiais, cruzamento de dados e análise de imagens orbitais – disponíveis nos sistemas internos da Polícia Federal – indicaram que o cultivo ocorre pelo menos desde 2022, em uma área isolada, cercada por vegetação densa. Conforme os levantamentos, a plantação possuía centenas de pés de cannabis, organizados em diferentes estágios de crescimento.
Ainda conforme a PF, constatou-se que o responsável pela plantação obteve autorização judicial, em dezembro de 2024, para o cultivo de cannabis sativa com a finalidade exclusiva de produzir extratos medicinais para consumo próprio, restrito à sua residência. No entanto, as investigações indicam que o cultivo ocorre em escala significativamente superior à autorizada e em local distinto do permitido. Além disso, há indícios de que o excedente da produção esteja sendo comercializado para terceiros sem autorização legal para posse e uso dos extratos. Também foram identificados indícios de que a produção desses extratos ocorre em desacordo com a legislação sanitária vigente e sem a devida autorização da ANVISA.
Origem do nome da operação
A operação foi denominada Desvio Verde, em referência ao uso indevido de autorizações judiciais para o cultivo pessoal de cannabis, que teriam sido utilizadas para encobrir uma produção em larga escala e a possível comercialização irregular da substância. Os investigados poderão responder pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.