Por Rosito Zepenfeld Borges, docente Senac Santa Maria, Bombeiro Civil – Engenheiro Florestal e de Segurança do Trabalho
Quando pensamos em segurança a primeira coisa que vem em mente é a ideia da ausência de riscos, incertezas, danos eventuais… sinistros. A abordagem tradicional da segurança, de forma geral, mas em especial a segurança do trabalho caminha por esse viés. É baseada em normas, cujo objetivo é evitar a ocorrência de falhas (causadora direta dos sinistros que conhecemos há décadas como acidentes). Entende-se que a melhor forma de evitá-los é a adoção de regras rígidas, procedimentos formais. O descumprimento de tais condutas por parte do trabalhador é razão para advertências e todas as formas de punição possíveis, previstas em legislação. Pois se entende que é através do ato recriminatório que o trabalhador entenderá, em sua consciência, que os riscos envolvidos em sua atividade podem lhe causar danos. Dessa forma, após receber a devida sanção pelos seus atos, não repetiria tal comportamento, logo estaria seguro.
A prática tem demonstrado que esse enfoque tem cultivado um comportamento reativo por parte do trabalhador. De forma geral existe uma resistência em relação a cultura de segurança, gerada por esse tipo de abordagem, que causa uma falsa sensação de segurança, pois concentra-se em aspectos previsíveis e controláveis.
Erick Hollnagel, renomado pesquisador na área de segurança e confiabilidade, desenvolveu uma abordagem inovadora para a segurança, nomeando de Segurança 1 a abordagem tradicional, e Segurança 2 uma nova visão, baseada nas interações e dinâmica entre ambientes e pessoas, uma cultura de aprendizado e melhoria contínua. O foco da Segurança 2 não é o erro, mas entender como os indivíduos e as organizações podem responder de forma eficaz e segura às incertezas do ambiente laboral. Está voltada para a melhoria da qualidade de trabalho, entendendo que dessa forma a segurança e consequentemente a redução de sinistros ocorra de forma natural.
A formação dos novos profissionais da segurança do trabalho deve levar em consideração essa nova abordagem. Ajustar habilidades e conhecimentos com foco na Segurança 2. As organizações estão se ajustando gradativamente no sentido de olhar de forma mais proativa (e menos reativa) para a segurança de seus trabalhadores. E o perfil dos novos profissionais deve atender a essa perspectiva.